15/09/15

António Ferreira – Duas histórias de uma vida ‘recheada’ de Figueira da Foz!

António Ferreira nasceu em Coimbra mas radicou-se na Figueira da Foz há mais de 30 anos, no início da década de 80 do século passado. Foi vendedor dos vinhos de Souselas, durante muito tempo em exclusivo no nosso concelho. 
Teve uma vida recheada de êxitos comerciais, atribulações pessoais e de grande dedicação a causas para as quais era convidado. De trato direto e simples, vive agora nos Vais, em Buarcos, vindo quase que diariamente à baixa da cidade e ao mercado onde faz as suas compras e “desenferruja” a língua. 
Das recordações que conta decidimos, pela sua curiosidade, divulgar duas, uma em Coimbra e outra na Figueira da Foz. 
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1ª) “A Assinatura dos Campeões do Mundo de Hóquei em Patins” 
A primeira na área desportiva e passada em Coimbra. Em maio de 1960 a Seleção Nacional de Hóquei em Patins sagrou-se campeã do Mundo em Madrid, tendo este sido o primeiro Mundial ganho por Portugal no país vizinho, e precisamente contra os anfitriões, os quais bateram na final por 3-1.
Ainda em maio ou início de junho deslocaram-se a Coimbra para um jogo de exibição e de consagração pelo triunfo obtido, e que foi jogado contra os hoquistas da Seleção Nacional menos utilizados. Jogo que decorreu no antigo rinque do Sport Clube Conimbricense, ainda ao ar livre, com pista de cimento e bancadas de madeira, onde António Ferreira, então com 17 anos, jogava basquetebol. 
No fim do jogo entrou em campo com um livro escolar sobejamente conhecido, o ‘Mon ami Pierrot’, nele tendo conseguido o autógrafo, as assinaturas mesmo, de todos os hoquistas lusos recentemente sagrados Campeões Mundiais! 
Acrescentou que naquele tempo, apesar de ter tido ofertas de compra desta recordação, uma pérola que guarda bem guardada, resistiu sempre. Mas acrescenta que, se hoje em dia lhe aparecesse alguma oferta, teria de reconsiderar. 
» As assinaturas: 1) Adrião; 2) Vaz Guedes; 3) Moreira; 4) Bouçós; 5) Velasco » » » » » » »
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2ª) “Se não fosse eu o Carnaval de Buarcos poderia não existir!” 
Carro Souselas: António Ferreira/Mário Esteves/ToZé da Carriça
António Ferreira diz mesmo à boca cheia: “Se não fosse eu o Carnaval de Buarcos poderia não existir!”. 
E explica em pormenor:
“-No primeiro ano em que se tentou levar o primeiro corso de carnaval a desfilar entre Buarcos e a Figueira da Foz, em 1977 ou 1978 não tenho bem a certeza, e perante falta de apoios e falta de alguns equipamentos mínimos (um carro ou carrinha, pequena que fosse, e que servisse para carro alegórico, e também adornos, diversão adequada, etc,) eu emprestei a minha carrinha de trabalho durante cerca de um mês antes até ao fim de semana de carnaval (para andarem à procura de equipamentos, adereços, enfeites, e seu transporte) ficando eu sem trabalhar nesse tempo. 
E paguei do meu bolso centenas de contos para tudo isto e, sobretudo, para os mais de mil litros de vinho que disponibilizei para que os foliões do carro alegórico “Souselas” o pudessem distribuir gratuitamente durante o corso."
Esta abertura fez com que os restantes entusiastas resolvessem então avançar com aquele que foi o primeiro desfile… que se não se tivesse realizado neste ano muito provavelmente não teria tido continuidade! Como curiosidade, refere-se que este corso saiu da Tamargueira (onde também os figurantes se equiparam) foi até à Ponte do Galante e voltou à Tamargueira. O carro alegórico “Souselas” do António Ferreira, bem acompanhado pelos foliões Traqueia, Grilo, Mário Esteves e Tozé da Carriça distribuiu pelo público, só no primeiro dia, entre 600 a 700 litros de vinho. No total foram cerca de 1200 litros de vinho que foram distribuídos pelo público que o solicitou durante os dois corsos realizados. 
Um êxito que ditou a continuidade do carnaval de Buarcos nos anos seguintes… e até hoje!