História da Bola Nívea começou no século passado que na Figueira da Foz era ponto de encontro de banhistas na Praia da Claridade!
‘Encontramo-nos ao pé da Bola de Nívea’ é uma frase que continua no imaginário de muitos portugueses. Para muitos, era vista apenas como ponto de encontro; para outros, servia apenas como sobra ou uma ‘tábua de salvação’ dos pais no caso de perderem os seus filhos nos vastos areais das praias portuguesas. Surgiu em 1969, mas foi desaparecendo a pouco e pouco. Recentemente, ressurgiram em nova e ecológica versão.
O ponto encontro na Bola de Nívea – cujo formato da estrutura se assemelhava a um balão de ar quente com cesto – era um clássico no século passado. Ainda os telemóveis não existiam e a família e amigos reuniam-se à volta da bola gigante azul presente em muitas praias portuguesas como um ponto de encontro. Para isso, bastava apenas agendar a praia e a hora e a partir daí, tudo era simples. «Encontramo-nos ao pé da bola Nívea» está na cabeça de todos aqueles que frequentaram as praias principalmente durante as décadas de 70, 80 e 90. Também ganhava outros contornos, sendo mesmo vista como um ‘ponto seguro’ para muitos pais que pediam aos filhos que, caso se perdessem, fossem ter a esse local marcado por todo o seu simbolismo. Para outros, funcionava como uma sombra, numa altura em que os chapéus de sol e os protetores solares não entravam no quotidiano de quem ia à praia. Ao mesmo tempo, funcionava como espécie de posto de vigia.«Tinha muitas funcionalidades, mas era mais do que isso. Isso acontece quando as marcas conseguem fazer alguma coisa de tal forma que passam a fazer parte da iconografia de uma vida. A Bola de Nívea conseguiu deixar uma marca em muitas gerações e não só fazia parte da paisagem da praia como também se tornou numa ideia nostálgica em que se recordam de uma altura em que tinham mais férias, onde se construía uma certa ideia de juventude ou de idade adulta recente, ficando no imaginário das pessoas», diz ao Nascer do SOL Carlos Coelho, especialista em marcas.
A primeira Bola de Nívea surgiu nas praias portugueses em 1969, no entanto, a pouco e pouco, foi desaparecendo dos areais portugueses. É certo que também pode representar uma campanha de marketing bem sucedida, já que colocou a marca Nívea na boca da maioria dos portugueses, ganhando grande popularidade. O especialista recorda que, nessa altura, não havia tantas marcas e o espaço disponível «para retermos informação e para nos ligarmos mais às coisas era maior», lembrando também que depois do 25 de Abril começou a haver uma enorme abertura às marcas estrangeiras, porque «estavam mais ou menos afastadas do nosso mercado e, tal vez por essa razão, a Nívea representava modernidade e liberdade e acima de tudo férias, quando estamos mais disponíveis para ligar marcas a memórias». E não hesita: “Quanto mais tempo passar, mais valiosa ficará essa marca porque vai acimentado a memória do passado. Mostrando algum saudosismo”.
NOVA VIDA
Apesar de algumas originais ainda resistirem, recentemente a icónica Bola de Nívea ganhou nova vida e voltou a surgir nas praias portuguesas, mas agora aliada a preocupações ambientais e de sustentabilidade, ou seja, num formato de EcoBola.
O novo símbolo conta entre 2,5 a 3,5 metros de altura e 1,5 a 2 metros de diâmetro e são feitas de lona 100% reciclável, contando com um ecoponto na base, construído com plásticos mistos reciclados, onde os veraneantes poderão colocar as embalagens usadas que serão reencaminhadas para reciclagem. Para a sua produção, foram utilizados cerca de 500 quilos de plástico reciclado, o equivalente a 25 mil garrafas de plástico de 50 cl.
A iniciativa insere-se na política de sustentabilidade da marca e conta com a colaboração do Electrão – Associação de Gestão de Resíduos, tendo como objetivo sensibilizar para a importância da redução, separação e reciclagem de resíduos de embalagens, bem como alertar para o impacto positivo que esse gesto diário tem no meio ambiente.
Em 2021, a praia do Tarquínio, na Costa de Caparica, foi brindada com a versão original. Na altura, o objetivo da ação promovida pelos SMAS de Almada, no âmbito das comemorações dos 70 anos, passou por tirar partido da visibilidade e projeção deste símbolo icónico para dar mais eco a uma mensagem sobre a importância do uso e gestão racional da água para a sustentabilidade ambiental.
Carlos Coelho estranha o facto de a empresa não ter continuado a apostar fortemente na presença das suas marcas, admitindo que estamos perante «uma marca adormecida», e recorda que há alguns anos a Vodafone tentou ocupar esse lugar, mas sem sucesso. «O lugar conseguiu, mas, no entanto, não foi possível alcançar a tal iconografia. Nas praias de todo o país que tinha bandeira azul foram implementados os postos da Vodafone com uma grande boia e, no fundo, foi o que a Nívea fez, mas não teve o mesmo sucesso, em termos de notoriedade. Isto é, teve a mesma presença da marca na praia, mas não nesta perspetiva de nos lembrarmos do ponto de vista icónico», concluiu.
(Publicação de SOL.SAPO.PT)