Este texto serve como base de
conhecimento, para um flagelo que se repete, ano após ano, desde a
conclusão dos trabalhos do "Plano Hidrográfico do Rio
Mondego", obra de vital importância para a regularização
deste rio e áreas adjacentes.
Tendo tido a necessidade de se
construir um novo leito do Rio Mondego, no sentido de se anular
definitivamente o flagelo das cheias, cenário tão comum naquela
zona, ficou o antigo leito à mercê da proliferação de espécies
invasoras, como p/ ex. os "jacintos d´água". Este
processo de crescimento levou algum tempo, até que ultimamente e
sempre em períodos de maior pluviosidade, e subsequente aumento do
caudal das águas, esta planta desloca-se do seu "berço
natural" e empreende uma viagem até à Foz do Mondego.
Estamos a falar de áreas enormes,
com um peso significativo, que arrastam tudo à sua passagem. Na
Figueira da Foz, é habitual verem-se a deambular no estuário do
Mondego, sendo um dos locais de deposição a Marina desta cidade,
onde atingem uma área muito considerável, cobrindo praticamente a
sua totalidade. Este ano em especial, e com a agravante do colapso da
margem direita do Mondego, todo este material, veio acompanhado com
material lenhoso.
Sendo a Figueira da Foz, uma das
zonas por excelência do nosso turismo nacional, com milhares de
visitantes a confluir no período festivo, Natal, e Ano Novo,
considerasse de uma falta de respeito, e consideração, permitir que
uma das melhores Marinas de Portugal, tivesse aquele aspecto
desolador, com comentários deveras depreciativos, dos que por ali
passavam. O problema não era recente, e já se prolongava por mais
de três semanas, sem nada ser feito, por parte da Administração
Portuária, entidade exclusivamente responsável por aquela zona.
Claro está, que à actual Administração não se lhe pode ser
imputada toda a responsabilidade, pois nas anteriores, confrontadas
com o mesmo problema, nada fizeram, ou melhor, deixaram que os
elementos naturais (marés, e ventos) se encarregassem disso! E a
APA, e o Ministério do Ambiente nada têm a dizer sobre isto!
Fica a imagem negativa da cidade,
ficam os prejuízos para os proprietários das embarcações, fica a
suspensão das actividades desportivas, (vela e remo), fica a perda
de várias espécies de fauna marinha (carência de oxigénio), fica
o testemunho da falta de meios por parte das entidades publicas, e
fica a esperança que este "drama" não se volte a repetir.
NOTA: Após um periodo de acalmia,
seguem fotos tiradas esta 3ª feira dia 14 de janeiro de 2020, onde
se pode observar a tentativa frustada da colocação de uma manga
anti-poluição à entrada da Marina (manga esta inserida num pacote
de prevenção, atribuido por fundos europeus ao porto da Figueira da
Foz no ano 2000, tendente a precaver eventuais 'fugas' de líquidos
poluitivos, e não de troncos e ramadas fortes arrastadas, ou mesmo
os jacintos de água, alguns bem volumosos).
(Miguel Amaral - Presidente de
Direção do Clube Náutico da Figueira da Foz, 14.jan.2020)